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Breve Historial do Concelho
O atual concelho de Sátão, com cerca de 200km2 de área, integra nove freguesias: Avelal, Ferreira de Aves, Mioma, Rio de Moinhos, S. Miguel de Vila Boa, Sátão, Silvã de Cima, União das freguesias de Águas Boas e Forles e União das freguesias de Romãs, Decermilo e Vila Longa.
O concelho de Sátão encontra-se integrado na Região Demarcada do Dão, é sulcado por três rios – Vouga – Sátão – Côja – oriundos da Serra da Lapa e seus contrafortes, a correrem quase paralelos, no sentido nascente-poente e, incorporado por muitas faixas longitudinais de terrenos muito férteis, constituiu-se em 1834, com a união de seis velhos concelhos, remontando quatro deles à época Medieval: Sátão, Ferreira de Aves, Gulfar e Rio de Moinhos e dois, Silvã de Cima e Ladário ao Século XVI. Todos os Pelourinhos, marcas do poder local administrativo ou judicial de antão, se conservam à exceção do de Sátão, que desapareceu.
- Ao concelho de Sátão pertenciam as atuais freguesias de Sátão, Mioma, Avelal e São Miguel de Vila Boa.
- Ao concelho de Ferreira de Aves pertenciam as freguesias de Ferreira de Aves, Forles e Águas Boas, entre os rios Vouga e Paiva.
- Ao concelho de Gulfar pertenciam as freguesias de Romãs, Decermilo, Vila Longa, Silvã de Baixo e também Silvã de Cima até ao Século XVI.
- Ao concelho de Silvã pertencia a freguesia de Silvã de Cima.
- Ao concelho de Rio de Moinhos pertencia a freguesia de Rio de Moinhos.
- Ao concelho do Ladário somente a pequena mas antiquíssima povoação do Ladário, que deve ter sido em tempos imemoriais, lugar de peregrinação e de convergência, onde afluíam as populações em redor para a realização de atos religiosos coletivos, preces, clamores ou ladainhas, como o seu próprio nome significa: Litaniário.
O primitivo concelho de Sátão é antiquíssimo e teve o seu primeiro Foral, outorgado pelo Conde D. Henrique e sua mulher D.ª Teresa, em 9 de Maio de 1111, no mesmo ano em que foi dado também o Foral à cidade de Coimbra. Foi o segundo Foral, ou talvez o primeiro, concedido em toda a Beira Alta, só precedido pelo de Mangualde (Azurara), e antes dos Forais de Viseu e de todas as outras vilas do Distrito.
Curiosidade
O Conde D. Henrique, o Burgonhês, e sua esposa D.ª Teresa, referem-se ao Sátão como uma terra conhecida, familiar e amiga e, a Carta de Foral, diploma de autonomia e dos laços de ligação com o poder central, tem a feição de uma recompensa e agradecimento pela lealdade e deferência com que os habitantes de Sátão os tinham recebido e tratado em suas próprias casas. A expressão “por nos terdes recebido e agasalhado na vossa casa”, revela que os precursores da independência nacional estiveram mesmo aqui no Sátão.
Sátão e Vila de Igreja
Remontando ao princípio do Século XII, esta freguesia chamava-se “Santa Maria do Sátão”, e estendia-se pelos territórios das atuais paróquias de Sátão, Mioma e Avelal.
Nos finais do Século XVI, desmembrou-se em duas: a matriz, que ficou a chamar-se Vila de Igreja, e a anexa de S. Pedro de Mioma, separadas pelo rio Vímaro, ambas do mesmo concelho de Sátão. Assim dizia-se: lugar e freguesia de Vila de Igreja, concelho de Sátão. E isto durante trezentos anos.
Só em 1951 é que desapareceu oficialmente a designação de Vila de Igreja para a sede e freguesia e, ficou a designar-se Vila, Freguesia e Concelho de Sátão.
Origens da palavra "Sátão"
Desconhecendo-se a raiz da palavra “Sátão”, não sabendo ao certo, se latina, arabizada, céltica, romana ou germânica, três hipóteses apresentam-se quanto à sua etimologia.
A primeira diz que vem de “terram satam” derivando do verbo latino “sero” (semear) significaria: terra semeada ou susceptível de o ser. Na verdade, o terreno da freguesia do Sátão e de outras em redor, como Barreiros e Mioma, não possuindo pedreiras, é todo ele fácil de ser lavrado.
A segunda hipótese de “terram septam”, como Ceuta (África), derivando do verbo latino “sepio” (cercar) significaria: terra cercada, não por montanhas nem grandes cursos de água, mas pelo relevo especial, entre diversos regatos e pequenos promontórios intercalares, que lhe tornavam muito difícil o acesso por boas estradas.
A terceira, e que, no fim de contas, é a única abonada por documentos escritos, faz derivar Sátão de “zalatane”, como aparece num documento de doação em 1110 e, sobretudo, no primeiro Foral de Sátão em 1111. “Zalatane” seria o nome de um Mouro, senhor destas terras. Zalatane evoluiu em “zaatam”. Nas Inquirições de 1258, aparece “çaatam”. No Cadastro da população do Reino de 1527, vem “çaataom”.
Com as correções eruditas do Renascimento, passou a escrever-se “Satam”. E, só há poucos anos se fixou “Sátão”, com a primeira sílaba bem acentuada.